Cada
vez mais, mulheres têm deixado livres seus cabelos crespos e cacheados.
É
fácil manter um cabelo crespo e cacheado? Esta pergunta gera um divisor de
águas entre as adeptas do crespo livre versus as mantedoras da chapinha e
progressiva. Mas a resposta é sim quando se conhece os cuidados específicos
para cada tipo de cabelo e mais: aprende a conviver e amar com seu fio natural.
Assim avalia a proprietária do salão Cachearte, em São Luís, Josy Dominici.
Especializada
em corte e tratamento voltados para os cabelos afro, Josy também dá dicas e
consultoria a clientes e internautas de como cuidar dos cachos e mantê-los
soltos e bonitos. “É preciso, antes de tudo, conhecer o próprio cabelo e
entender qual o seu tipo de fio e respeitar sua estrutura. Assim, fica mais
fácil de cuidar com os produtos específicos para ele. Aqui, não oferecemos
alisamento ou permanente afro, mas, sim, uma consultoria de como cuidar e
deixar seu crespo e cacheado natural”, explica a proprietária, que trabalha no
setor há oito anos.
Josy
conta ainda que muitas meninas chegam ao salão interessadas em deixar crescer o
cabelo natural e cheias de dúvidas e receios sobre a temida transição: quando o
cabelo ainda com a química, geralmente do alisado, começa a sair e a raiz
natural cresce. “A fase de transição é a que mais incomoda, pois não fica nem
crespo nem cacheado o cabelo, mas, depois que cresce boa parte do natural, a
diferença já é percebida pela pessoa”, afirma.
Seja
na fase de transição ou quando o cabelo já está completamente sem a química, a
cabeleireira afirma que hidratação é o principal cuidado que o cabelo deve ter.
“Fora os específicos como não pentear, de maneira alguma, o cabelo ainda seco,
por exemplo, pois danifica toda a estrutura do cabelo. Entre outros”, afirma.
Mercado
estreito
Josy Dominici conta que a ideia do salão surgiu junto à paixão pelos
cabelos cacheados. “Durante a gravidez, abandonei o alisamento e deixei crescer
naturalmente. Então, comecei a procurar produtos sem química voltados para meu
cabelo. O problema é que a distribuição desses produtos, geralmente importados,
em São Luís na época era inexistente, encontrando-os mais pela internet”,
disse.
Atualmente,
algumas lojas disponibilizam certos produtos voltados para este fim, contudo,
ainda é pouco para a demanda cada vez mais crescente de cacheadas na capital. A
cabeleireira, então, iniciou alguns cursos fora da cidade, em Fortaleza e em
São Paulo, em corte e tratamento.
“A
minha intenção quando eu descobri a paixão pelo cabelo cacheado foi trabalhar
especificamente com o cabelo crespo. Eu conheci o Deva (pronuncia-se diva) há
uns oito anos e logo me interessei muito pelo produto que dá essa possibilidade
de ser um produto sem química”.
Ela
finaliza afirmando que alguns profissionais da área ainda têm receio em
trabalhar com cabelo cacheado sem oferecer a química. “Mas eu digo que, ao
contrário do que alguns pensam, é um mercado promissor, que dá dinheiro e está
crescendo, pois, já que elas não encontram tratamento nos salões, encontram na
internet: como cortar o próprio cabelo, hidratar etc. Então, é hora de começar
a oferecer esse cuidado especializado”, enfatiza.
Conscientizar
para valorizar
Sílvia
Araújo é professora de português e conta à reportagem que tenta levar o debate
sobre a cultura e identidade negra para a sala de aula. Aos 30 anos, ela afirma
que também passou por um processo de transição depois de muitos anos alisando o
cabelo e descobriu que agora é mais feliz com os cachos assumidos.
“Há três
anos, decidi usar o cabelo natural e, para mim, isso vai muito além da questão
estética. Na verdade, tomar esta decisão me permitiu abrir os olhos, me
reconhe-cer, me aceitar, aceitar minha beleza. Me permitiu me admirar. Por
isso, se você começou agora, não desista! Acredite, valerá a pena. Não negue
sua história, seu cabelo, sua pele. Leia mais e conheça sobre você e sobre sua
origem. Conscientizem-se! Valorizem-se!”.
Aline
Alencar – O imparcial
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