Veja
o que o jovem talentoso de Poção de Pedras, cineasta Cícero Filho escreveu em
seu facebook:
“Relembrar
é viver”, essa frase faz todo sentindo quando penso no meu filme “AI QUE VIDA”,
que este mês de SETEMBRO completa dez anos de lançamento.
A
ARTE nos proporciona muitos momentos marcantes, e no árduo ofício de produzir
cinema não é diferente. Há dez anos atrás, eu e um grupo de amigos, muitos
deles amadores, decidimos embarcar numa louca empreitada, fazer cinema no Piauí
e Maranhão.
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Cineasta Cícero Filho |
O roteiro? AI QUE VIDA! Quanto em caixa para realizar a produção?
Apenas o meu salário de estagiário, que na época não passava de setecentos
reais. Eu não tinha noção do que estava prestes a enfrentar tão pouco das
consequências. Lembro-me como se fosse hoje do diálogo com minha querida amiga
Irisceli Queiroz, que no longa deu vida a Charlene. “Tenho aqui um roteiro em
disquete. Queria que você lesse, é engraçado e bem nordestino. As falas são
cheias de expressões da gente, e se gostar, poderíamos gravar.”, entreguei o
disquete para Irisceli, logo leu o roteiro, gostou, mas deixou claro do quanto
difícil seria transformar aquele roteiro em realidade, daí falei “Olha, ano
passado realizamos ENTRE O AMOR E A RAZÃO, e todos falavam que não
conseguiríamos, então acredito que este não será diferente. Embarca nessa?”,
perguntei, ela prontamente, como companheira de muitas batalhas disse ”SIM”,
suas palavras foram como combustível para a minha vontade de realizar mas um filme.
Reuni mais pessoas, apresentei-lhes o roteiro, fui formando alianças a favor da
ideia, conseguindo apoios, convenci minha chefe, na época Ana Kelma Gallas a
ceder as câmeras da Faculdade Santo Agostinho, e achava que tudo estava
resolvido, mas não foi bem assim, pois em cinema nada é a curto prazo. Cinema é
um quebra-cabeças complexo, cheio de peças que nem sempre se encaixam. As
dificuldades aumentaram, se tornando constantes, mas todas elas enfrentadas e
vencidas. Eram dificuldades que iam desde conseguir equipamentos como câmera,
microfone, criar eu mesmo minhas luminárias, até mesmo passagens para translado
dos atores, das noites em claro decupando fitas (Mini-DV) e editando com o meu
parceiro David Marinho...
Aprendi que a vida é feita de escolhas, e no momento
em fazer ou não fazer o filme eu segui meu coração, optei em tirar do roteiro
os personagens e situações. Fui firme em minhas decisões, contrariei a minha
situação financeira desfavorável e os conselhos dos amigos de que fazer cinema
no Piauí e Maranhão era loucura, impossível. Vivi cada etapa com a certeza de
que as dificuldades na PRÉ-PRODUÇÃO, PRODUÇÃO e PÓS-PRODUÇÃO passariam, e de
certa forma passaram, pois o tempo passa, nos deixando apenas os momentos e os
sentimentos. Surpreendentemente, AI QUE VIDA ganhou o mundo desde o lançamento,
segue a margem da indústria cinematográfica implacável e cruel, adentrou nos
lares e coração das pessoas, pessoas essas que se identificaram com o enredo
abordado, que sentiram as emoções dos personagens.
Após
anos sem assistir ao filme, nessa manhã sentei-me na frente da TV, liguei o
aparelho de DVD e coloquei a mídia para rodar. Vi o filme com distanciamento
crítico, com o olhar de expectador, e confesso que chorei, ri e me senti
perturbado com as cenas retratadas naquele filme, e que de certa forma não está
distante de nossa realidade. Atualmente, o país vive mergulhado em escândalos
políticos, crise moral e ética. Prefiro acreditar que num futuro positivo.
Esperança é fundamental nessas horas, aonde tudo parece sem solução. O novo
virá, e o amanhã a Deus pertence.
OBRIGADO
meu bom DEUS pelas ricas oportunidades, pelos amigos que juntos formaram a
corrente positiva, pelos poucos patrocinadores que incentivaram o tal Cicero
Filho de Poção de Pedras, pela família por apoiar na hora em que ninguém mais
apoiava e por mim mesmo, por ser determinado e não desistir no meio do caminho.
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